Falcão falou ao site TERRA, sobre a situação santista no futsal, confira:
Após conquista da Liga Futsal, Falcão (à dir.) lamenta a saída de jogadores importantes da equipe do Santos
Foto: Ivan Storti/Santos FC/Divulgação
Texto: Klaus Richmond/Direto de Santos
Conquistar a Liga Futsal, principal competição nacional da modalidade, parecia o desfecho perfeito para o ano de Falcão no Santos. Na ocasião, o astro se viu obrigado a acompanhar de longe o decisivo jogo contra Carlos Barbosa-RS, já que havia sido expulso na primeira final. Dezessete dias após o título inédito, ele segue de "mãos atadas". Agora, vê a debandada do time que ajudou a formar e, de quebra, o fim do "projeto centenário" do clube para a modalidade.
Em entrevista exclusiva ao Terra, o ala afirmou que cumprirá o atual contrato até 2012, garantiu ainda não negociar com nenhum clube, mas que não quer "jogar sozinho" e também não abrirá mão da multa contratual caso o clube encerre a modalidade.
"Poderia imaginar tudo, menos isso. O time já está desfeito. Eu não vou jogo sozinho", disse ele. "Não abdico (da multa) porque eu seria um desempregado. Tenho meus planos, conto com esse contrato", completou.
O Santos já perdeu quatro atletas desde o fim da Liga Nacional. Firmaram acordo com o Joinville, de Santa Catarina, o fixo Neto, o ala Pixote, o técnico Fernando Ferretti e o também fixo Ricardinho.
Falcão viaja neste domingo para o Japão como peça-chave de ações sociais de marketing que o Santos promoverá enquanto estiver no país. Ele cita que o projeto do futsal "não é caro" e acredita que será assediado por clubes japoneses, onde planeja jogar a partir de 2013.
Confira a entrevista exclusiva com o astro do futsal do Santos:
Terra - Você previa que esse atual momento, de debandada dos jogadores, deveria mesmo acontecer? É possível dizer que o projeto do futsal no Santos já acabou?
Falcão - Eu poderia imaginar tudo, menos isso. O time está sendo desfeito. Avisaram que quem tiver contrato pode ir embora sem pagar multa. O time inteiro tem proposta, está valorizado. É o centenário do clube, esse projeto era visando o centenário. Não estou julgando, mas era o planejamento. Eu tenho contrato até o fim de 2012, mas vou jogar como? Ir atrás de jogadores em janeiro é impossível.
Terra - Então, a certeza se o projeto continuará precisará acontecer ainda esse mês? Fica impossível com o Mundial e o curto tempo, não?
Falcão - Tem clube que começa a pré-temporada já em janeiro. Formar um grupo a partir de janeiro é para não se classificar nos principais torneios e eu não jogo sozinho. Não abri conversa com ninguém e nem vou abrir. O Santos até agora cumpriu tudo comigo, mas a expectativa era manter isso. Hoje a equipe está desfeita. A torcida não entendeu nada.
Terra - A Cortiana (principal patrocinadora) abandonou a equipe logo no início. Por que não ocorreu nenhum acerto com outra empresa?
Falcão - Hoje temos números, dados, mas no começo do ano éramos novidade. Hoje somos uma realidade. Mesmo que o Santos banque tudo, não vale a pena por tudo o que conquistamos? A cidade respirou o futsal, mas quem pode dar a resposta é o clube. Eu respeito muito o Santos, mas também esperamos receber o mesmo respeito por parte das pessoas que aprendi a gostar e que confio.
Terra - Você possui contrato até 2012 e sua relação vai além do trabalho em quadra, pois ainda pode ser explorado pelo marketing. Aceitaria, por exemplo, manter o contrato para jogar algumas partidas no campo? E se montarem uma equipe mais fraca?
Falcão - Eu sou atleta de futsal. Ano que vem será muito importante para mim, tem o Campeonato Mundial. Cheguei a minha sétima final de Liga Futsal consecutiva. O Santos montaria um time simplesmente por ter o Falcão? Aprendi a ser vencedor. Para mim seria cômodo ficar no Santos, com o dinheiro entrando, mas essa é a grande diferença do meu trabalho. Vamos conversar e nos acertar.
Terra - Então posso dizer que você abriria mão da multa contratual caso o Santos opte pelo fim do futsal?
Falcão - Não abdico porque eu seria um desempregado. Tenho meus planos, conto com esse contrato. Antes de assinar, sugeri fazer o meu contrato com a empresa que iria bancar o futsal (Cortiana), mas o Santos exigiu que fosse vinculado ao próprio clube.
Terra - E a saída do Ferretti? Como foi a reta final da Liga Futsal com as sondagens que vocês recebiam sem a certeza de que o projeto seguiria?
Falcão - O Ferretti acertou de boca com o Joinville e brigou até o fim por patrocínios. A prioridade era o Santos, ele queria ficar. Uma coisa é ser procurado, até por ser o principal treinador no Brasil, outra é acertar. Caberia ao Santos igualar. Ele foi ético. Eu tenho parceria com ele dentro e fora de quadra, me treinou em 12 dos meus 16 anos em quadra. Todos sabiam o que estava acontecendo, mas ninguém esperava uma situação dessas.
Terra - Mas com a sua influência não foi possível captar nenhum patrocinador? O Santos chegou a pedir isso para você?
Falcão - Sentei com o presidente (Luis Álvaro) um dia após a final. Respeito qualquer atitude que o Santos tenha. Eles cumpriram tudo comigo até agora. No começo do projeto eu ajudei, levei a Cortiana, mas também preciso treinar, jogar, viajar e fica muito difícil conciliar. Não posso sozinho sair batendo na porta das empresas. Preciso de números, informações.
Terra - O Santos gasta mais de R$ 5 milhões anuais e teria que gastar mais, pelos reforços e a valorização dos atletas. Acha o futsal caro?
Falcão - Não acho, pois é um projeto com aceitação. Respeito qualquer situação que o Santos escolha, mas mesmo que seja R$ 5 milhões ou R$ 100 mil talvez não faça mais parte do projeto do clube. Vou sempre respeitar, mas acho que podem olhar com carinho: pela final que fizemos, pelo projeto e pela torcida.
Terra - E essa viagem para o Japão, você vai mesmo visitar as vítimas do terremoto? Pode acertar com algum clube local?
Falcão - Vou domingo e fico à disposição do clube. Sou atleta do Santos e vão explorar a minha imagem. Tenho propostas absurdas do Japão, muito boas, mas já coloquei que seria para 2013 ou 2014. Esse ano quero jogar no Brasil porque será o meu último Mundial, vai ser especial. Mas os japoneses vão me procurar, será inevitável.
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